Algumas vezes, a qualidade das argamassas utilizadas na construção civil deixa a desejar pelo uso do tipo errado da cal.

 

O Óxido de Cálcio (CaO), mais conhecido comercialmente como cal, é um dos materiais de construção mais antigos do mundo. É obtido pela decomposição térmica (calcinação ou queima) de rochas calcárias moídas em diversos tipos de fornos, a uma temperatura média de 900°C. Sua utilização é muito abrangente nos mais diversos segmentos: construção civil, construção de estradas, siderurgia e metalurgia, indústria química, papel e celulose, indústria alimentícia, agricultura, saúde e preservação ambiental.

A chamada cal virgem, também denominada cal viva ou cal ordinária, é o produto inicial resultante da queima de rochas calcárias, composto predominantemente dos óxidos de cálcio e magnésio. Já a cal hidratada, como o próprio nome sugere, é uma combinação da cal virgem com água. Ou seja, CaO + H2O -> Ca(OH)2. Tem propriedades aglomerantes como o cimento, com a diferença de que o cimento, para endurecer, reage com a água e a cal com o ar. É a chamada cal aérea, enquanto o cimento recebe o nome de aglomerante hidráulico.

 

“Mas a dúvida permanece: qual o tipo de cal que devemos usar quando preparamos uma argamassa? A resposta é simples em um primeiro momento: podemos utilizar os dois tipos. Em determinadas regiões do Brasil, a utilização da cal virgem para argamassas de assentamento e revestimento é bem intensa. Em uma primeira etapa, são misturadas a cal, areia fina e água. Essa mistura fica “descansando” por alguns dias, perde trabalhabilidade e depois é adicionada a uma pequena parte de cimento e mais água.”

 

Na realidade, portanto, ninguém usa cal virgem. Podemos comprar uma cal virgem e quando preparamos a argamassa, seja na obra ou em central, estamos hidratando a cal no exato momento da adição de areia e água. Esta reação libera muito calor e uma boa cal, bem calcinada, demora aproximadamente 48 horas para hidratar bem.

Uma grande vantagem quando se compra a cal já hidratada no produtor é justamente a garantia de uma boa e completa hidratação. Além disso, a argamassa preparada com cal hidratada pode ser utilizada logo após a sua mistura. O que pode ocorrer, quando se faz a argamassa com a cal virgem, é fazer a aplicação na obra sem a completa hidratação. As conseqüências são trincas e quedas do material, com muito desperdício.

Lembramos que, qualquer que seja o tipo de argamassa (mista, industrializada ou estabilizada), a escolha correta dos materiais componentes fará a diferença para se obter um produto final de boa qualidade. Em um país de grandes proporções como o Brasil, a regionalização é muito grande e a diversificação dos produtos determina as diversas práticas nas obras. Nesta questão das argamassas não poderia ser diferente. A cal não é disponível em todos os estados e o frete muitas vezes inviabiliza sua utilização. É mais um desafio que os profissionais da construção civil enfrentam, com muita criatividade e adaptação.

Créditos: Engº. Jorge Aoki.

Colaboração: Engenheiros Fábio Pini e Alexandre Garay, da Associação dos Produtores de Derivados do Calcário.

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